Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; II Timóteo 3:16

Mansidão: Fruto do Espírito

Mansidão: Fruto do Espírito
Leitura estimada 11 min


MANSIDÃO: FRUTO DO ESPÍRITO

 

"Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade." (João 17:14-19)
 

Estamos no mundo, mas não somos do mundo.

 

Desde que nascemos de novo, Deus quer reimplantar em nós a imagem que devería­mos ter por criação. Gênesis diz sobre a criação do homem: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." (Gênesis 1:27)

 

Deveríamos ter a imagem do Criador, mas a perdemos pela desobediência. Agora, na pes­soa de Seu Filho, o Criador quer restaurar esta imagem.

O ESPÍRITO SANTO VEM PARA ESTABELECER O CARÁTER DE CRISTO EM NÓS

Ao fazê-lo, nos toma pessoas inteiramente diferentes das demais pessoas no mundo. Estamos no mundo, mas não somos do mundo.

"Não são do mundo, como eu do mundo não sou." (João 17:16), disse Jesus ao Pai.
 

É evidente que são poucos os cris­tãos que chegam a compreender e viver, em todas as suas conseqüências práticas, a posição que temos no Senhor crucificado e ressuscitado. Notemos o texto extremamente significativo de Hebreus cap 2 verso 11: "Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos."

Jesus, o que santifica, e nós que somos santificados, todos procedemos do mesmo Pai. Jesus nos trouxe para o mesmo ní­vel em que Ele está. Se Jesus não se envergonha de nos chamar de irmãos, e ao dizer ao Pai, que nem Ele, nem nós, pertencemos ao mundo, está afirmando que temos uma nova família e uma nova nacionalidade: SOMOS CIDADÃOS DO REINO DA FAMÍLIA DE DEUS.

Somos o que Hebreus clama: "Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão." (Hebreus 3:1)
 

Não importa sa­ber o que é o mundo, seja bom ou mau, nós não somos do mundo, muito embora estejamos ne­le e ele seja o lugar de nossa atividade diária, de conflito e de disciplina. A medida de separação que Jesus tem do mundo deve ser a mesma medida que devemos ter. Então temos que viver a nova vida e possuir um novo caráter que se coadune com a vida do Reino.

Isso se destaca, de modo especial, quando pensamos nesta expressão do fruto do Espírito Santo: MANSIDÃO.

O mundo não admite a mansidão; para ele isto é um sinal de fraqueza. Entretanto o homem mais forte que passou pela terra, declarou de si mesmo: "... E aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração ..." (Mateus 11:29)
 

Mansidão foi colocada por Jesus como uma das bem-aventuranças. "Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra." (Mateus 5:5). Para Jesus, mansidão é uma felicidade; algo que podia ser encontrado em sua pessoa: ''Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas." (Mateus 11:29)

SER DISCÍPULO DE JESUS É TER UM MESTRE GENTIL E HUMILDE

De início, vamos dizer que mansidão é não reagir contra o mal que nos fazem e não reivindicar qualquer direito. Há uma ocorrência na vida de Jesus que mostra seu espírito de mansidão. Ele tomou a resolução de ir a Jerusalém. O caminho mais curto, saindo da Judéia, era atravessar Samaria.
 

Jesus mandou alguém á frente para preparar-lhe pousada. Mas os samaritanos não quiseram recebê-lo. Ouvindo isto, Tiago e João zangaram-se e fizeram uma sugestão: mandar cair logo do céu sobre Samaria. Jesus ime­diatamente reprovou esta sugestão. O texto conclui dizendo: "Eles seguiram para outra aldeia." (Lucas 9:54-56). Isto é tudo, o assunto está resolvido.

Quem perdeu?

Os samaritanos perderam a oportunidade de ter entre eles o Filho de Deus. Pedro, o discípulo que custou aprender a lição da mansidão, ao escrever uma de suas cartas disse sobre Jesus: "O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente" (1 Pedro 2:23). Então Pedro destaca: “Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas."


O QUE É SER MANSO?

 

Manso é aquele que já descobriu que, como um discípulo de Je­sus, não precisa defender-se daquilo que os homens ou o mundo joga contra ele, pois já está satisfeito em permitir que Deus o defenda. Já não precisa lutar para defender o seu "eu", pois ele já foi crucificado com Cristo.

 

O trono de seu coração não é mais ocupado pelo" eu", nele está entronizado o Senhor Jesus. Ele já desfruta da paz e segurança que tem naquele que é o Justo Juiz. Não mais deixa sua alma no comando de suas reações pois é espiritualmente forte. Sabe que precisa estar vendo o que Deus vê, e não o que as pessoas vêem.

 

Aguarda paciente­mente o julgamento do Alto.
 

No Antigo Testamento Abraão é um retrato de mansidão. Quando seus pastores e os de seu sobrinho Ló, desentenderam-se na disputa pelas melhores pastagens para os rebanhos, o patriarca sugere, para não haver contendas, separarem-se; dando a Ló a oportunidade de es­colher primeiro qual a direção que gostaria de tomar: "se fores para a direita irei para a es­querda" (Gn 13.7-12). Ló escolheu as verdejantes pastagens das campinas do Jordão, ("toda bem regada como o jardim do Senhor") deixando para seu tio as áridas regiões montanhosas.
Abraão não murmurou, não reclamou de seu sobrinho, simplesmente foi habitar na terra de Canaã. Isso é mansidão.

 

Quem ganhou, quem perdeu?

 

O texto diz que Ló foi para os lados de Sodoma e Gomorra, de onde, um dia, teve de fugir apressadamente com toda a sua família, pa­ra não ser destruído juntamente com aquelas cidades. Abraão, sem o saber, foi para a terra que Deus lhe daria por possessão perpétua, "terra que mana leite e mel”. De Moisés a Bíblia diz: "Era o varão Moisés mui manso, mais que todos os homens que havia sobre a terra" (Nm 12.3). Manso também foi Daví diante das perseguições de Saul.
 

Jesus é o nosso padrão: "A si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz" (H 2.8). O Filho Unigênito de Deus vem participar de nossa história esva­ziando-se, aceitando tomar a condição de um servo ("doulos" é o escravo destituído de direitos e privilégios), para trilhar o caminho de desprezo e sofrimento, mas de obediência. É interes­sante que servo aqui (doulos) é uma antítese direta de Senhor (kyrius); Aquele que deveria vir ao mundo como Senhor, veio como servo. Aceitou viver em total dependência de Deus, como filho obediente. Mas ao sair do mundo Ele foi recebido na glória como Senhor.
 

A exortação deste mesmo texto é: "Tende em vós, o mesmo sentimento que houve também em Cristo Je­sus" (v 5). Irmãos, este é o sentimento que temos de ter, o mesmo que está em Jesus, manso e humilde. Ele podia reivindicar direitos, pois o texto diz: "subsistia em forma de Deus".

 

Mas Jesus não pensava em si mesmo, pensava somente em fazer a vontade do Pai e cumprir com o propósito a que veio. Lendo Isaias 42.1-7, vemos como o profeta descreve o caráter manso de Jesus.
 

A mansidão não é uma qualidade natural nossa, nem uma disposição que recebemos de berço. A disposição humana, aquela que nos vem de berço, é sempre rebelião. Mansidão só vem a nós como uma operação do Espírito Santo.
 

Mansidão é compatível com força de caráter. Dr. Baxter definiu: "Mansidão é força sob controle". Os mártires foram fortes, mas foram mansos. Que mansidão encontramos em Estêvão. O manso não faz exigências quanto à posição, privilégios, posses, distinções, etc. pois tem "o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus". No mundo moderno, em toda a parte, vemos exigências sobre direitos humanos, direito da mulher, direito da criança e assim por diante. Lembro-me de uma irmã, em nosso grupo caseiro, quando alguém falou sobre "os nossos direitos", mais que depressa ela falou: "Quais são os nossos direitos? Só Deus tem di­reitos". E é verdade, diante de Deus que direito tem o homem? Creio que o homem tem só um direito diante de Deus: obedecê-lo!
 

Tudo o mais é graça, somente graça. Louvado seja o Se­nhor porque não temos direitos e sim graça, abundante graça, que Ele nos concede. Na igreja de Corinto havia uma demanda sobre leis e direitos. O apóstolo lhes escreve: "O só existir en­tre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis antes a injusti­ça? por que não sofreis antes o dano? (I Co 6.7). O rei Amazias, com um grande sentimento de perda, perguntou ao profeta: "Que se fará pois dos cem talentos de prata que dei às tropas de lsrael? Respondeu-lhe o homem de Deus:

 

Muito mais do que isso pode dar-te o Senhor" (fi Cr 25.9).
O discípulo jamais se amedronta, mas não impõe pela força a sua vontade, ele conhece o ensino do Mestre: "0 maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como quem serve " (Le 22.26,27). Só podemos ser luz do mundo e sal da terra quando levamos a sé­rio aquilo que Jesus viveu, e deixou como exemplo para nós. Foi para isso que Ele enviou o Es­pírito "esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo que eu vos tenho dito" (Jo 14.26). O Espírito Santo vindo à nossa vida, vem para fazer residência permanente em nós eatravés de nós fluir continuadamente. Se Ele não está fluindo, algo está errado em nós. Se não expressamos a sua presença, uma falha está em nós.

 

A Bíblia mostra duas coisas que impedem o fluir do Espírito Santo:

(i) Podemos entristecê-lo, mas o texto ordena que não façamos isso (Ef 4.30);

(ii) Podemos apagá-lo. O texto pede que não façamos também isso.
A nós compete vigiar e orar, estando atentos a tudo que Ele quer fazer em nós e através de nós, pois Ele é a nossa contínua riqueza. O Apóstolo ensina: ''vós possuis unção que vem do Santo, e todos tendes conhecimento" (I Jo 2.20). Aleluia!
 

Há uma recompensa prometida aos mansos: ''Mas os mansos herdarão a terra, e se   deleitarão na abundância de paz" (SI37.11). Mansos são aqueles que escolhem o caminho da fé paciente, em lugar da afirmação de si mesmos. Ele está sempre sob autocontrole. Manso é, também, aquele que acata o que possam dizer dele, embora isso venha lhe ferir a auto estima. É interessante que em uma oração pública nos sintamos bem em declarar a Deus que somos   "miseráveis pecadores", mas não admitimos que alguém aproxime-se de nós e nos diga: "ir­mão, tu és um miserável pecador".
 

Precisamos de mansidão para não sermos hipócritas. O tex­to acima referido diz que "os mansos herdarão a terra" e a seguir diz: "e se deleitarão na abun­dância de paz", paz sempre será a recompensa maior dos mansos. Eles sabem o que é viver e reinar com Cristo. No retorno do Senhor, governaremos com Ele, então "possuiremos" a terra totalmente.
 

O caminho de Cristo é diferente do caminho do mundo,e a mansidão é o meio pelo qual sempre alcançaremos a vitória que Ele já ganhou para nós.

 



www.casadosenhor.com.br

Este estudo lhe edificou? Compartilhe!

Mais Estudos

Viva em União!

Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre. Salmos 133:1-3


Conecte-se conosco

Este trabalho é totalmente voluntário!

Precisamos de sua ajuda para manter este trabalho no ar.

"E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui." Gálatas 6:6

Utilizamos cookies para possibilitar e aprimorar sua experiência em nosso site, de acordo com nossa Política de Cookies.